A nova coordenadora de Saúde da Mulher do Ministério da Saúde, Mariana Seabra, abriu sua agenda oficial em Brasília com uma visita ao Conselho Federal de Enfermagem (Cofen [1]). Acompanhada por Ana Claudia Chaves, coordenadora de Saúde da Família, e assessores técnicos, ela se reuniu com o conselheiro federal Renné Costa, coordenador da Câmara Técnica de Enfermagem e Saúde da Mulher do Cofen para discutir a formação de enfermeiros multiplicadores para ampliar o acesso ao do Implanon [2] na Atenção Primária à Saúde (APS), como já acontece com o Dispositivo Intrauterino (DIU).

Reunião no Cofen busca construir estratégicas de capacitação para universalizar acesso.
A previsão é de que 500 mil unidades do implante subdérmico de etonogestrel, o Implanon, cheguem aos municípios ainda em 2025, chegando a 1,8 milhão até o final de 2026. “Os municípios com mais de 50 mil habitantes receberão simuladores para treinamento das inserções. Estamos discutindo o formato da capacitação e gostaríamos de contar com o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) nesta formulação”, afirmou Mariana Seabra.
A maior parte das gestações no Brasil são não planejadas (55%). Em 2024, foram 66.733 mil mortes relacionadas a gestação, segundo dados do Ministério da Saúde [3]. Ana Paula Chaves destacou a eficácia dos métodos contraceptivos de longa duração (LARC, na sigla em inglês), uma das estratégias mais eficazes para a redução da mortalidade materna e da gravidez indesejada. “Queremos universalizar a oferta e a Enfermagem é fundamental para trazer essa capilaridade”, reforçou Ana Paula.
O conselheiro federal Renné Costa, coordenador da Câmara Técnica de Enfermagem e Saúde da Mulher, destacou a experiência do Cofen na capacitação de profissionais para inserção do DIU, em parceria com do Conselhos Regionais de Enfermagem e sugeriu que a iniciativa contemplasse os dois métodos. “A base de qualquer método é a escuta atenta de Enfermagem. É no diálogo com as mulheres que se identificam necessidades, se esclarecem dúvidas e se garante a autonomia sobre a decisão contraceptiva”, afirmou.
Enfermagem na linha de frente
A nomeação de Mariana Seabra, enfermeira de formação, é celebrada para o Cofen. A Enfermagem já é responsável por grande parte das consultas de planejamento reprodutivo realizadas na APS. A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Mulheres [4] já prevê a possiblidade de prescrição de contraceptivos por enfermeiros. Dados do Ministério da Saúde, enfermeiros foram responsáveis pela expansão do acesso ao dispositivo intrauterino (DIU), tendo realizado 61% das inserções na Região Norte, 43,6% das inserções na Região Nordeste e mais de um terço das inserções na Região Centro-Oeste em 2022.
A inserção do implanon pode ser realizada por enfermeiros, conforme o Parecer 277/217 [5] e a resolução Cofen 690/2022 [6]. Inserido logo abaixo da pele do braço, o Implanon é um pequeno bastão de plástico, com 4 cm de comprimento e 2 mm de diâmetro, que contém 68 mg de etonogestrel e vai sendo liberado em pequena quantidade continuamente na corrente sanguínea.
Impacto na Saúde Coletiva
Métodos contraceptivos que dependem de conduta ativa dos usuários têm altas taxas de insucesso a longo prazo [7]. Em 10 anos, com o uso típico de camisinha, 9 em cada 10 mulheres engravidam. Seis em cada 10 mulheres que usam contraceptivo oral engravidam ao longo de 10 anos. Com o implante hormonal, a taxa de gravidez ao longo de uma década é de 1 em 100. O levantamento considerou o uso típico, incluindo falha humana.
O Implanon já era disponibilizado para públicos específicos no SUS, incluindo mulheres com HIV/AIDS em uso de dolutegravir; mulheres em uso de talidomida; privadas de liberdade; trabalhadoras do sexo; e em tratamento de tuberculose em uso de aminoglicosídeos.