Atualmente, a formação em Enfermagem alinha-se à Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e às Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN [1]) do Curso de Graduação em Enfermagem, as quais propõem que os currículos norteiem a construção do perfil acadêmico e profissional a partir de habilidades, competências e conhecimentos que atendam à demanda profissional do Sistema Único de Saúde (SUS [2]).
As Universidades têm autonomia para estabelecer seus currículos de acordo com os diferentes componentes pedagógicos. As Reformas Sanitária e Psiquiátrica influenciam a estrutura curricular do curso de Enfermagem e determinam o perfil do enfermeiro para atuação em diferentes cenários do cuidado profissional.
O Ensino de Enfermagem em Saúde Mental na Percepção de Estudantes. Foto: Divulgação
O ensino do cuidado aplicado à saúde mental nos Cursos de Graduação em Enfermagem [3] está, de maneira geral, disponível em disciplinas denominadas de Enfermagem em Saúde Mental e/ou Psiquiátrica que visam, entre outros objetivos, o desenvolver de habilidades e competências vinculadas aos princípios da Reforma Psiquiátrica e do relacionamento terapêutico, assim como o exercício constante da percepção de si próprio na relação enfermeiro/paciente.
A passagem da institucionalização para a inserção social da pessoa em sofrimento psíquico exige que enfermeiros integrem saberes e práticas que permitam tais profissionais o reconheçam a presença desses pacientes em uma realidade social e também em seu contexto familiar. A habilidade de reconhecer tal processo durante a formação profissional requer que o ensino de atenção em saúde valorize aspectos biopsicossociais e supere o modelo biomédico e hospitalo cêntrico/manicomial.
Ensino-aprendizagem em saúde mental
A formação de enfermeiros no campo da saúde mental é deficiente em função de vários fatores como: falta de definição das competências específicas; predisposição de discentes para atuar em outras áreas de interesse; particularidades das metodologias utilizadas pelo corpo docente; formação precária e desconhecimento do currículo por parte de alguns docentes; e ausência da transversalidade no tema Saúde
Mental nas disciplinas voltadas ao ciclo da vida.
É essencial estender o olhar sobre o fenômeno do ensino e do aprendizado em saúde mental [4], não apenas acerca da ação docente mas, também, das perspectivas de estudantes de Enfermagem que compartilham essa experiência relacional, ao considerar que essa ação projetada significa para futuros enfermeiros.
A experiência dos autores como docentes da área de Enfermagem de diferentes instituições de ensino superior, comprometidos com o fortalecimento da formação de enfermeiros em saúde mental, motivou a realização desta pesquisa, a qual foi norteada pela seguinte questão: quais são as percepções de estudantes de Enfermagem sobre o processo de ensino-aprendizagem aplicado à saúde mental?
Dessa forma, o objetivo do presente estudo é compreender a experiência de estudantes de Enfermagem no processo de ensino-aprendizagem em saúde mental.