A icterícia neonatal é um dos quadros mais comuns nos primeiros dias de vida do bebê. Ela acontece quando há acúmulo de bilirrubina no organismo — substância resultante da quebra natural das células vermelhas do sangue — levando à conhecida coloração amarelada da pele e das mucosas do recém-nascido. Esse fenômeno costuma aparecer entre 48 e 120 horas de vida, sendo considerado, na maioria dos casos, um achado esperado no período neonatal.

Entre os principais cuidados adotados para tratar a icterícia estão o aleitamento materno [1] em livre demanda, que ajuda o bebê a eliminar a bilirrubina, e a fototerapia, popularmente chamada de “banho de luz”. A efetividade dessa técnica depende de fatores como o tipo de luz, o comprimento de onda e a área do corpo do bebê que fica exposta.
O estudo
Diante da importância do tema, foi desenvolvido um projeto com o objetivo de criar um Procedimento Operacional Padrão (POP) para o tratamento fototerápico de recém-nascidos com icterícia. O trabalho foi realizado em três etapas:
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Revisão integrativa da literatura, reunindo as melhores práticas de enfermagem no uso da fototerapia.
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Avaliação de serviços hospitalares, analisando como a fototerapia é aplicada pelas equipes de enfermagem em hospitais estaduais da Rede de Atenção à Saúde Materno-Infantil do Tocantins [2].
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Elaboração do POP, consolidando orientações claras e padronizadas para o cuidado.
Principais achados
A análise dos 14 artigos selecionados e das entrevistas com 16 enfermeiros revelou alguns pontos de atenção:
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85,7% dos coordenadores relataram não haver radiômetro disponível para medir a irradiância dos aparelhos de fototerapia.
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57,2% apontaram a falta de protocolos institucionais específicos sobre cuidados de enfermagem na fototerapia.
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Entre os enfermeiros assistenciais, 77,8% desconheciam a existência de protocolos, e todos afirmaram não ter recebido treinamento para o manejo da fototerapia.
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Também foi relatada a inexistência de rotina para aferição da irradiância dos aparelhos.
Com base nesses resultados, foi construído um POP detalhado para a instalação da fototerapia em recém-nascidos com icterícia neonatal, buscando padronizar e qualificar o cuidado.
Conclusão
Apesar da relevância da fototerapia na assistência neonatal, ainda há poucos estudos que aprofundam o papel da enfermagem nesse processo. O estudo identificou fragilidades tanto na estrutura dos serviços quanto na capacitação profissional. A expectativa é que o POP desenvolvido possa ser implementado nas unidades neonatais do Tocantins, contribuindo para mais segurança, qualidade e bem-estar dos recém-nascidos durante o tratamento.