A população brasileira está em constante e permanente mudança em termos demográficos. Após consecutivos anos de crescimento populacional, a pirâmide etária está se invertendo no país, com registro de quedas acentuadas nas taxas de fecundidade, natalidade e mortalidade. Nota-se também o processo de envelhecimento da população com o aumento da expectativa de vida e do número de idosos.

Caracterização Clínica e Epidemiológica de Idosos de Uma Instituição de Longa Permanência. Foto: Divulgação.
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), realizada em 2017, evidenciou que 14,6% ou mais de 30 milhões de pessoas no Brasil têm 60 anos ou mais. Sendo que na região Sudeste este número é maior e representa 16% do total de pessoas.
O envelhecimento para muitas pessoas vem acompanhado de diminuição da saúde física e mental, perda de autonomia e/ou independência, múltiplas doenças crônicas e outras condições associadas ao declínio da capacidade funcional.
Devido a essas limitações funcionais, ao aumento da demanda dos idosos por serviços de saúde, somadas a transformação na dinâmica familiar, social e econômica, observa-se um crescimento na busca por Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI [1]).
As denominadas ILPIs são definidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA [2]) como espaços residenciais de moradia coletiva de idosos, com ou sem suporte familiar, devendo, por meio de seus serviços, zelarem pela liberdade, dignidade e cidadania dos seus residentes.
Nota-se que o número de ILPIs tem aumentado no Brasil, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), entre 1940 e 2009, 2.897 novas instituições foram abertas, aproximadamente 40,3 instituições por ano.
No Brasil, os cuidados às pessoas idosas são de competência da família, sociedade e do Estado, devendo estes prover a sociabilidade, o bem-estar, a dignidade e o direito à vida. A ILPI tem como finalidade atender o idoso que não tenha vínculo familiar ou que esteja sem condições de prover a própria subsistência.
A Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 283, de 26 de setembro de 2005,(5) regulamenta e dispõe os critérios mínimos para o funcionamento e para a prestação de serviços aos residentes em ILPIs. Sobretudo, os aspectos físico-estruturais e organizacionais, sendo indispensável considerar o grau de dependência, capacidades de locomoção e autocuidado de seus internos. Ainda assim, a institucionalização pode sujeitar os idosos a diversos riscos intimamente ligados às inadequações físicas, estruturais e organizacionais. Entre os riscos, destaca-se o isolamento social, as quedas, as deficiências sensoriais e a piora das capacidades funcionais e cognitivas.
Diante do aumento da demanda por ILPIs a identificação do perfil clínico e epidemiológico é fundamental para que se planeje e implementem cuidados adequados às necessidades específicas dos idosos, com possíveis impactos na autonomia, independência e qualidade de vida deles, além de contribuir para gestão dos processos organizacionais e de pessoas.
Neste contexto, o presente estudo teve como objetivo caracterizar clínica e epidemiologicamente os idosos atendidos por uma instituição de longa permanência para idosos no Norte de Minas Gerais, Brasil