Os Sistemas Universais de Saúde são considerados os mais eficientes no enfretamento das iniquidades sociais, sendo o Sistema Único de Saúde (SUS [1]) uma referência para o mundo. Após sua criação, houve uma intensa ampliação da oferta de serviços, e diversas atividades atingiram cobertura quase universal; a exemplo, os programas de imunização. Entretanto, o sistema de saúde do Brasil ainda enfrenta desafios que comprometem a efetividade de responder às demandas da população, principalmente dos idosos, que são os que mais necessitam de assistência devido à maior vulnerabilidade aos problemas de saúde.

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É nesse sentido que a avaliação dos indicadores de acesso e uso desses serviços, mediante inquéritos de base populacional, torna-se relevante para estimar a qualidade do sistema de saúde e oferecer subsídios para o aprimoramento das políticas públicas. Uma análise retrospectiva demonstrou progresso das políticas públicas direcionadas à população idosa, porém, evidenciou a necessidade de ampliar o acesso de serviços em prol da consolidação dos princípios constitucionais de universalidade, equidade e integralidade.
O acesso e uso de serviços de saúde são termos interrelacionados, mas que apresentam concepções distintas. Entende-se acesso como elemento do sistema de saúde, o qual está relacionado com a entrada do indivíduo no serviço. Já o uso compreende o contato direto ou indireto com os serviços de saúde, sendo a concretização do acesso previamente planejado e organizado pelas políticas públicas de saúde.
É relevante destacar que os idosos enfrentam maiores obstáculos no acesso a serviços públicos e que o menor uso e dificuldades no acesso podem estar relacionados à renda, escolaridade, tipo de serviço, bem como local de moradia. Apesar disso, identificou-se que as evidências científicas sobre essa temática têm priorizado os determinantes sociais em níveis individuais, incluindo os fatores socioeconômicos e demográficos do idoso.
Dessa forma, torna-se necessário avançar no conhecimento sobre os indicadores de acesso e uso de serviços de saúde de acordo com características do contexto em que os idosos estão expostos, como a vulnerabilidade social. Ressalta-se que até o momento não foi evidenciada pesquisa que tenha analisado os indicadores de uso e acesso de serviços de saúde de idosos comunitários no Brasil de acordo com o nível de vulnerabilidade.
No presente estudo, assume-se como sendo vulnerabilidade social as condições de saneamento e sociodemográficas, as quais podem ser mensuradas por meio de um índice sintético e que interferem na saúde do indivíduo. Destaca-se o Índice de Vulnerabilidade Social (IVS [2]), uma ferramenta de fácil acesso que visa identificar áreas de vulnerabilidade social, o que contribui para o planejamento, avaliação e no processo de tomada de decisão de gestores locais em termos de políticas públicas de saúde.
Frente ao exposto, o objetivo da pesquisa consiste em comparar os indicadores de acesso e uso de serviços de saúde de idosos comunitários de acordo com diferentes níveis de vulnerabilidade social.